
COMUNICADO
19 de novembro de 2025
PERCEÇÕES E CONCLUSÕES
“BARÓMETRO DO TURISMO”
PROMOVIDO PELA FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS
O Alojamento Local (AL) não é o responsável pela crise da habitação – precisamos de factos, não de perceções.
A ALPN – Associação Alojamento Local Porto e Norte contesta as conclusões do Barómetro do Turismo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) que responsabiliza o AL pela crise da habitação porquanto:
1. Enquadramento estatístico insuficiente
O estudo baseia-se numa leitura parcial dos dados disponíveis, privilegiando indicadores que favorecem determinadas conclusões e omitindo outros, igualmente, relevantes para uma avaliação equilibrada. A ausência de contextualização territorial e socioeconomica reduz significativamente a robustez das interferências apresentadas.
2. Falta de análise estrutural do problema da habitação
A crise habitacional resulta de um conjunto complexo de fatores (desde décadas de subinvestimento no parque habitacional acessível a falhas do planeamento urbano, pressões macroeconómicas a dinâmicas laborais). Ao centrar o estudo exclusivamente no AL contribui para uma narrativa simplista que em nada ajuda a resolver os desafios reais.
3. Extrapolações discutíveis sobre o impacto do AL
Apesar do AL poder ter impacto em zonas específicas de forte pressão turística, o estudo da FMS tende a generalizar, transmitindo a ideia de que o fenómeno é estruturalmente determinante a nível nacional, o que carece de prudência e rigor metodológico. Acresce que o AL está suspenso nessas zonas fazendo, portanto, confusão com apartamentos turísticos e hotéis.
4. Ausência de propostas ou soluções
Num momento em que o País enfrenta uma crise habitacional grave, seria desejável que um estudo desta visibilidade contribuísse para o debate público com soluções e não apenas com diagnósticos parciais, sendo que essa falta limita o valor do trabalho enquanto ferramenta de política pública.
Reforçamos a importância da realização de análises independentes, abrangentes e sólidas para orientar decisões políticas informadas. A habitação é uma prioridade nacional e exige estudos que reflitam a complexidade do problema, evitando simplificações que distorcem a perceção pública e desviam a atenção das verdadeiras causas estruturais.
Continuamos a defender um debate transparente, baseado em evidência rigorosa e focado no interesse nacional, envolvendo todos os interlocutores.